Juliana Guimarães amamentando seus gêmeos Vinícius e Eduardo (Foto de Carol Dias) |
Sempre que se pensa em gêmeos, a primeira idéia que aparece é a de
trabalho e gasto dobrado. Sim, é verdade. Mas a experiência gera também prazer,
felicidade e amor em dobro. “Após o susto inicial, começa um lindo caminho de
parceria e, muitas vezes, com um vínculo e um apoio da família maior do que os
de gestação única”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski.
Boa vontade e leite materno com boa quantidade pode ser um bom começo.
Porém é necessário mais. Até que uma rotina esteja estabelecida, essa mãe não
poderá estar nunca sozinha. É necessário que a família dê o apoio e o suporte
para que a mãe possa se dedicar mais à amamentação. E aí, o vínculo criado
acaba sendo mais intenso e mais natural.
Vamos abrir parênteses para tocar em um assunto importante: o apoio
paterno, que se na maior parte dos trabalhos se mostra importante para o
estímulo ao aleitamento materno exclusivo (apesar da ridícula
licença-paternidade de 5 dias), aqui se torna imprescindível para todos.
Essa participação poderia fazer toda a diferença se fosse mais
estimulada permitindo que, pelo menos por um ou dois meses, o pai pudesse estar
presente, favorecendo esse momento de transição inicial.
Mesmo assim, tenho observado um grande aumento do interesse dos pais na
participação e no engajamento nesse processo, o que pode fazer com que, em
algum tempo, essa importância seja respeitada e favorecida.
Assim, desde ajudar a mãe a se posicionar, trazer os bebês para serem
amamentados, trocar as fraldas e colocar para dormir, até os cuidados com o
ambiente e com as outras atividades da casa, o pai é figura incluída nesse
processo, inclusive durante as madrugadas.
Um de cada vez ou os dois ao mesmo tempo?
Cada caso é um caso e precisa ser analisado individualmente, ou, nesse
caso, em dupla. Respeitar as necessidades das crianças passa a ser um dos
pontos centrais, até que se estabeleça uma rotina (e acreditem, mais cedo ou
mais tarde, a rotina se estabelece).
Muitas mães (acho até que a maioria) preferem amamentar os dois ao mesmo
tempo (afinal Deus deu dois seios às mães e facilitou essa função). Essa
prática favoreceria a distribuição do tempo do dia, a produção do leite
materno, o sono simultâneo dos bebês, a rotina e a dinâmica da casa.
Porém, há situações em que os bebês têm ritmos diferentes e, pelo menos
no início, não sincronizam seus horários. Nesse caso, é mais importante ainda a
ajuda para que essa mãe consiga, no intervalo picado que sobra durante o dia,
descansar e ter suas outras atividades (comer, tomar banho, suas necessidades
fisiológicas).
É interessante que a cada mamada se troque o seio oferecido a cada
criança. Assim, cada bebê mamará dos dois seios. Isso poderá ajudar no
desenvolvimento da musculatura orofacial e na adequação das mamadas, com oferta
de leites que podem ser até um pouco diferentes em sua composição.
Acomodar a posição dos dois bebês mamando ao mesmo tempo pode ser um
grande desafio, mas, segundo relatos de algumas mães, chega a ser divertido (se
encarado com bom humor). Difícil, trabalhoso, mas absolutamente possível.
Mãe sentada confortavelmente, almofadas (nas costas), travesseiros (nos
braços) e apoio (nos pés) e o cenário está pronto. Aí é só trazer os
“artistas”.
Posição tradicional: bebê com a
cabecinha no braço da mãe e o corpinho voltado para o corpo da mãe;
Posição invertida: bebê com a cabecinha voltada para o seio da mãe e o corpinho embaixo
dos braços dela;
Posição sentada: bebê
mamando de frente para a mãe, “cavalgando a perna da mãe”.
Assim, cada mãe pode adequar a posição de seus dois bebês da forma mais cômoda e confortável, variando essas 3 principais entre eles, por exemplo, com os dois em posição invertida (um em cada mama), ou os dois sentadinhos, ou um em posição tradicional e o outro em posição invertida.
Parece complicado (e no começo até pode ser), mas com o tempo tudo pode se ajeitar, antes do que se imagina.
Tempo e quantidade
Costumamos dizer frases como “a natureza é sábia”, “nada é por acaso”,
“Deus escreve certo por linhas tortas”, “Deus sabe o que faz”. Muitas vezes,
isso ajuda e em outras nem tanto. A produção de leite aumenta conforme o estímulo da sucção dos bebês é maior. Assim, a orientação continua sendo a de aleitamento materno exclusivo, em livre-demanda, pelo tempo que cada bebê quiser mamar.
Concluindo
Amamentar é natural, mas nem sempre é fácil. Há que se querer. Há que se
entender a importância, apesar das dificuldades. Há que se entregar, apesar do
cansaço que pode aparecer, dos obstáculos culturais, sociais e até pessoais. E
em caso de gêmeos, essas questões se multiplicam (em dois, ou três ou mais). -
É fundamental que a mãe conte com apoio.
-
Apoio da equipe de saúde, esclarecendo, estimulando, apoiando a mãe
sempre que necessário.
-
Apoio da família (pai, avós, tios e tias, irmãos), compreendendo,
estimulando, cooperando sempre que necessário.
-
Apoio da sociedade, da mídia, dos órgãos governamentais, para que o
aleitamento materno, que é o mais adequado para qualquer número de crianças, possa
ser favorecido, estimulado.
-
Apesar de todo o esforço, em algumas situações o processo não evolui
como todos esperam. Há outras possibilidades, há outras tentativas e os
profissionais de saúde devem estar disponíveis e atentos às necessidades da
mãe, dos bebês e da família.
Fonte:
Organizado por Caroline ScheuerEscrito por Dr. Moises Chencinski
http://www.doutormoises.com.br/
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